sexta-feira

Agri-doce



nunca tinha desfolhado folhas de papel de arroz
nem sabia que de tão finas nunca se colavam 
olhou-as
folhas plenas de figuras - chamavam-lhe letras
em lombadas vivas e largas
em papel pardo - adormecia  de olhos abertos
ouvia sons e  notas de ouvido - fugidas de cor  .
agri-doce
começou a desfolhar folhas de papel de arroz
descoladas
o odor era adocicado - inalava-o com uma força extrema 
lânguida se deixou levar  para mundos de bambu
arrozais que não secavam 
sapatos de panos em pés de gueixa
agri-doce
tentava fixar os sentidos -  o tacto era suave nas folhas
rude na capa .
entre folhas de papel de arroz e capas de cartão…
misturava sentidos 
agri-doce.
docemente desfolhou folhas de papel de arroz -  misturou tudo em arrozais húmidos
apurou o ouvido e ouviu sem som - (todas) as folhas que se desfolhavam
leves por não pesarem
brancas
imaculadas
compressas em duras capas de cartão prensado
pés atados de gueixa
repisavam folhas de papel de arroz 
agri- doce

Teresa Maria Queiroz - Dezembro 2011

Foto - Teresa Amaro 

6 comentários:

Anónimo disse...

Unknown message

Poesia Portuguesa disse...

Um poema deste blogue foi seleccionado para o passatempo do Poesia Portuguesa denominado "o poema mais comentado" que no final do mês, por entre a selecção de cada Sábado mensal, terá direito a ser gravado pelo Sons da Escrita e colocado em vídeo no Youtube.

Grata pela partilha,

Bípede Falante disse...

Saborosas delícias de letras e linhas :)
beijoss

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Fabuloso este poema...adorei.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

Conceição disse...

Fiquei apaixonada pelos teus poemas! Já não vinha aqui há imenso tempo. Estão cada vez mais deliciosos. As fotos também.
Beijinhos

Um feliz Natal

Nilson Barcelli disse...

Excelente poema. Gostei imenso das tuas palavras.
Querida amiga, desejo que tenhas um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de coisas boas, para ti e para a tua família.
Muitas prendas, principalmente afectivas.
Beijo.